Com a oferta cada vez maior de planos com velocidades mais altas por parte dos provedores, muitos consumidores se perguntam qual a capacidade ideal para atender às suas necessidades específicas.
Muitos apenas contratam planos maiores sem mesmo saber o porquê, ….
Entender as variáveis envolvidas, tais como a taxa de transferência, tráfego de rede e os requisitos de cada tipo de aplicação é fundamental para dimensionar corretamente a capacidade necessária para a sua rede.
Neste artigo, vamos explorar os fatores que influenciam na hora de escolher um plano de internet, permitindo uma compreensão mais clara sobre como cada cenário de uso exige diferentes níveis de desempenho.
Confira!
Como Medir o Desempenho de uma Rede?
O termo “velocidade” é amplamente utilizado para descrever o desempenho de uma rede, mas tecnicamente não é a expressão mais adequada para avaliar a qualidade ou a eficiência de um enlace de comunicação de dados.
Diferentemente do que muitos acreditam, o desempenho não se traduz diretamente na velocidade com que os dados trafegam.
O desempenho de uma rede é na verdade, uma combinação de diversos parâmetros que afetam a forma como os dados são transferidos e recebidos. Vamos entender:
Taxa de Transferência de Dados
A taxa de transferência é a medida direta da capacidade da rede de transportar dados em um determinado período de tempo, geralmente expressa em megabits por segundo (Mbps) e mais recentemente tem sido muito falado em gigabits por segundo (Gbps).
Essa métrica indica o volume de informações que podem ser enviadas ou recebidas por unidade de tempo e pode-se afirmar que é a principal métrica para determinar a eficiência de uma rede.
Para facilitar o entendimento podemos fazer uma analogia com uma estrada:
A taxa de transferência pode ser influenciada por diversos fatores, como o tipo de conexão física (meio de transmissão), o tráfego da rede e a configuração de hardware.
Largura de Banda
A largura de banda consiste no “tamanho” da faixa de frequências que um canal de comunicação pode utilizar para transmitir sinais, medida em Hertz (Hz).
A largura de banda é inerente ao meio fisico.
Por exemplo, um cabo de par trançado CAT5e tem uma largura de banda nominal de 100 MHz, o que significa que ele pode utilizar uma faixa de até 100 milhões de ciclos de frequência por segundo.
No contexto de redes de computadores, a largura de banda costuma ser traduzida em termos de taxa de bits (Mbps, Gbps), pois há uma relação direta entre a quantidade de frequências disponíveis e a quantidade de informações que pode ser transmitida por unidade de tempo.
Taxa de Transferência Máxima Teórica
No entanto, a largura de banda não é o único fator que define a taxa de transferência máxima teórica de um canal.
Um exemplo claro disso é a comparação entre os cabos CAT5 e CAT5e, que possuem a mesma largura de banda de 100 MHz, mas apresentam capacidades de transmissão distintas. O CAT5e é capaz de transmitir até 1 Gbps, enquanto o CAT5 se limita a 100 Mbps.
Isso ocorre porque, além da largura de banda em Hz, fatores como a modulação e a resistência a interferências também influenciam a eficiência do canal.
Técnicas de modulação mais avançadas permitem que mais dados sejam transmitidos por ciclo de sinal, otimizando o uso da largura de banda disponível.
Throughput
Quando se contrata um plano é por capacidade de transferencia de dados que se paga.
Latência
A latência é um dos principais fatores que afetam o desempenho de uma rede. Ela refere-se ao tempo que um pacote de dados leva para viajar de sua origem até o destino, sendo comumente expressa em milissegundos (ms).
Embora muitas vezes confundida com a taxa de transferência, a latência mede o atraso total na entrega de pacotes, o que pode ter um impacto significativo em aplicações sensíveis ao tempo, como videoconferências, jogos online e chamadas VoIP.
Jitter
O jitter é uma métrica que mede a variação do atraso (latência) entre pacotes sucessivos transmitidos em uma rede.
Em um cenário ideal, os pacotes de dados trafegam em intervalos regulares, mas em redes reais, esses intervalos podem variar devido a congestionamento, roteamento ou outros fatores, resultando em jitter.
O jitter, também expresso em milissegundos (ms), tem impacto direto em aplicações de tempo real, como chamadas VoIP, videoconferências e jogos online, onde a consistência do fluxo de dados é crítica.
Fatores Externos que Influenciam o Desempenho de uma Rede
O desempenho de uma rede é influenciado por uma série de fatores externos que afetam a eficiência e a qualidade da transmissão de dados.
As métricas utilizadas para medir o desempenho são o resultado das condições físicas e ambientais em que a rede opera, bem como da qualidade da instalação e compatibilidade dos componentes.
Esses fatores externos podem impactar diretamente a capacidade da rede de atingir sua capacidade teórica.
Em uma rede ideal, a taxa de transferência seria próxima da capacidade máxima, e a latência seria mínima e estável.
No entanto, influências externas frequentemente degradam esses resultados, distanciando-os dos valores teóricos.
Interferências
As interferências são um dos principais fatores externos que podem degradar o desempenho de uma rede, especialmente em ambientes que utilizam cabos de cobre ou sistemas sem fio.
Elas ocorrem quando sinais elétricos indesejados, gerados por fontes externas, afetam a integridade dos sinais transmitidos pela rede, resultando em perdas de dados, aumento da latência e, em casos graves, interrupções na conexão.
Atenuação do Sinal
A atenuação é a perda gradual de intensidade do sinal à medida que ele percorre um meio de transmissão, como cabos de cobre, fibra óptica ou mesmo em ondas de rádio em redes sem fio.
Esse fenômeno é natural e ocorre em qualquer sistema de comunicação, sendo um dos principais fatores que limitam a distância e a qualidade de transmissão em redes de dados.
Quando o sinal se enfraquece demais, pode resultar em perda de pacotes, erros de comunicação e redução da taxa de transferência.
Tráfego da Rede
O tráfego da rede refere-se à quantidade de dados que está sendo transmitida simultaneamente por uma rede em um determinado momento.
Quando muitos dispositivos ou aplicações estão enviando e recebendo dados ao mesmo tempo, pode ocorrer congestionamento, o que afeta diretamente o desempenho da rede.
Tráfego intenso pode resultar em uma redução da taxa de transferência efetiva, aumento da latência, perda de pacotes e variações no tempo de resposta (jitter), impactando a experiência dos usuários e o desempenho das aplicações.
Hardware
O hardware desempenha um papel crucial no desempenho de uma rede, pois é responsável por processar, encaminhar e transmitir dados entre dispositivos.
A qualidade, capacidade e configuração dos componentes físicos da rede, como roteadores, switches, cabos e adaptadores de rede, afetam diretamente a taxa de transferência, a latência e a confiabilidade geral da comunicação de dados.
A escolha inadequada ou o subdimensionamento de hardware pode resultar em gargalos, perda de pacotes e instabilidade.
Condições de Instalação
As condições de instalação de uma rede de dados são determinantes para o seu desempenho e estabilidade.
Mesmo com o hardware adequado e uma infraestrutura de qualidade, uma instalação inadequada pode comprometer gravemente a taxa de transferência, a latência e a confiabilidade da rede.
Problemas como cabos mal posicionados, conexões deficientes e interferências físicas ou eletromagnéticas são exemplos de questões que podem surgir devido à instalação inadequada, resultando em perda de pacotes, atenuação excessiva e interferências.
Requisitos de Aplicações Comuns
Streaming de Vídeo
Aplicações de streaming, como plataformas de filmes, séries e transmissões ao vivo (Netflix, YouTube, Twitch), exigem uma taxa de transferência contínua e relativamente elevada para manter a qualidade de imagem e evitar interrupções (buffering).
Por exemplo, transmissões em Full HD (1080p) podem demandar de 5 a 10 Mbps, enquanto conteúdos em 4K HDR frequentemente ultrapassam 20 Mbps.
Além disso, quanto maior a qualidade do vídeo e o número de dispositivos simultaneamente conectados, maior a capacidade necessária.
Se uma residência possui múltiplos usuários consumindo vídeo em alta resolução ao mesmo tempo, a soma das demandas individuais deve ser considerada ao dimensionar o plano.
Jogos Online
Os jogos online modernos, especialmente aqueles com múltiplos jogadores, apresentam requisitos um pouco diferentes.
Embora a taxa de transferência nominal não precise ser tão alta quanto no streaming de vídeo, a latência (tempo de resposta) é um fator crítico.
Conexões com latências inferiores a 50 ms costumam oferecer experiência satisfatória, mantendo a jogabilidade fluida.
A taxa de transferência em si, na maioria dos casos, pode estar na casa dos 5 Mbps. Entretanto, a estabilidade do enlace e a ausência de perdas de pacotes são fundamentais para evitar congelamentos e atrasos na partida.
Navegação na Web
A navegação tradicional na internet, como acessar sites de notícias, blogs, plataformas de e-commerce ou redes sociais, é relativamente leve em termos de taxa de transferência.
Mesmo conexões de 5 a 10 Mbps já proporcionam carregamento rápido da maioria das páginas.
Contudo, se o uso envolve videoconferências, webinars ou compartilhamento frequente de arquivos, a capacidade necessária pode aumentar.
Aplicações de videoconferência em HD, por exemplo, exigem entre 2 a 5 Mbps estáveis por sessão.
Assim, para um uso predominantemente baseado em navegação e mídias sociais, planos intermediários costumam ser suficientes, desde que a latência e a estabilidade sejam aceitáveis.
Considerações Finais
Ao analisar a capacidade de um link de internet, é preciso ir além da simples propaganda de “mais velocidade”.
Antes de contratar um plano com taxas de 300, 500 ou até 1.000 Mbps, é importante refletir sobre o uso prático que se fará da conexão.
Em muitos domicílios, uma velocidade intermediária pode ser plenamente adequada, suprindo com folga as necessidades de streaming, jogos online ocasionais e navegação fluida.
Além disso, a qualidade da rede interna (roteadores, cabos, Wi-Fi) e o número de dispositivos conectados simultaneamente podem ser gargalos tão importantes quanto a capacidade fornecida pelo provedor.
A velocidade de internet é, em certo sentido, uma commodity.
Em um mundo onde a ampla oferta de planos super-rápidos está disponível, pode parecer tentador adquirir o pacote mais rápido do mercado.
Contudo, se o objetivo for economicidade e uso racional dos recursos, avaliar os perfis de uso, o número de usuários e as atividades realizadas permite optar por um plano mais modesto e ainda assim satisfatório.
Dessa forma, é possível balancear custo, desempenho e conforto.