O que é “ONVIF”?

O ONVIF (Open Network Video Interface Forum) é um padrão aberto internacional que garante compatibilidade entre dispositivos de vídeo monitoramento em rede, como câmeras IP, NVRs (Network Video Recorders) e softwares de gerenciamento de vídeo (VMS).

Neste artigo, vamos abordar tudo sobre o padrão ONVIF, analisando seus principais aspectos técnicos e sua aplicação prática na configuração, transmissão de mídia e segurança de comunicação entre dispositivos IP.

Confira!

Sumário

O que é ONVIF?

Criado em 2008 pelo trio Axis Communications, Bosch Security Systems e Sony, o ONVIF permite que dispositivos de diferentes fabricantes se comuniquem de maneira padronizada.

  • Interoperabilidade: Garantir a compatibilidade entre dispositivos de segurança de diferentes fabricantes.
  • Flexibilidade: Proporcionar uma estrutura escalável que suporte a evolução das tecnologias de videomonitoramento.
  • Facilidade de Integração: Reduzir a complexidade no desenvolvimento de soluções de segurança baseadas em vídeo.

O ONVIF define suas especificações através de perfis, cada um atendendo a diferentes necessidades de integração. Os perfis padronizam como os dispositivos trocam informações e fornecem serviços dentro de redes de segurança.

ONVIF Profiles

Cada perfil especifica serviços, protocolos e APIs que os dispositivos devem implementar para garantir integração padronizada com sistemas de terceiros. Abaixo, detalhamos os principais perfis ONVIF.

Profile S

O Profile S estabelece os requisitos técnicos para a transmissão de vídeo ao vivo em câmeras IP e encoders de vídeo, assegurando compatibilidade com sistemas de gerenciamento de vídeo (VMS).

A conformidade com essa especificação exige que os dispositivos implementem um modelo de transmissão de mídia padronizado. O suporte à configuração de perfis de mídia deve permitir a definição de parâmetros operacionais essenciais como resolução, taxa de quadros (FPS), compressão e bitrate, além de controle PTZ e transmissão de áudio bidirecional quando suportados.

Todos os dispositivos compatíveis devem implementar mecanismos mínimos de autenticação e segurança para garantir a integridade da comunicação e restringir acessos não autorizados.

Profile G

O Profile G define os requisitos técnicos para o armazenamento e recuperação de vídeo, garantindo compatibilidade entre dispositivos que realizam gravação local ou em servidores externos.

A conformidade com essa especificação exige a implementação de um modelo padronizado de gravação, permitindo a retenção e recuperação de vídeos com suporte a busca por data, hora e eventos registrados.

Profile T

O Profile T aprimora a transmissão de vídeo ao vivo, trazendo suporte à codificação H.265 e integração com metadados de análise de vídeo.

Ele permite a configuração avançada da qualidade de vídeo, além da implementação de eventos baseados em análise inteligente.

Esse perfil é frequentemente utilizado para câmeras com inteligência artificial embarcada e aplicações de monitoramento avançadas.

Profile M

O Profile M expande as capacidades de análise de vídeo, permitindo interoperabilidade entre dispositivos que geram e processam metadados.

Ele define padrões para a transmissão de informações como detecção de movimento, reconhecimento facial e rastreamento de objetos, possibilitando a integração de algoritmos de inteligência artificial e aprendizado de máquina.

Esse perfil é utilizado para aplicações de segurança perimetral, controle de fluxo de pessoas e automação inteligente.

Profile D

O Profile D trata do controle de acesso, estabelecendo um padrão para a comunicação entre controladores, fechaduras eletrônicas e softwares de gerenciamento.

Ele suporta gerenciamento de credenciais e permissões, monitoramento do status de portas e fechaduras, além do registro detalhado de logs e eventos de acesso.

Esse perfil é aplicado em sistemas de segurança que integram biometria, cartões RFID e autenticação baseada em PIN.

Profile Q

O Profile Q tem como foco a configuração inicial e descoberta automática de dispositivos ONVIF, permitindo que câmeras e sistemas sejam localizados na rede sem necessidade de configuração manual.

Ele inclui mecanismos de autenticação obrigatória para garantir segurança na configuração inicial.

Esse perfil é especialmente útil para facilitar a instalação e configuração rápida de equipamentos em grandes infraestruturas de segurança.

Arquitetura de Comunicação

A comunicação entre dispositivos ONVIF é baseada em web services e segue padrões de troca de mensagens como SOAP (Simple Object Access Protocol) e WSDL (Web Services Description Language). Isso permite:

  • Descoberta automática de dispositivos via WS-Discovery.
  • Configuração e gerenciamento remoto de dispositivos.
  • Autenticação e criptografia para comunicação segura.

Descoberta e Configuração

A descoberta de dispositivos é um processo essencial no ONVIF, realizado através do WS-Discovery, um protocolo que permite que dispositivos sejam detectados na rede sem configuração manual. Após a descoberta, o gerenciamento pode incluir:

  • Configuração de rede e credenciais (DHCP, IP fixo, autenticação).
  • Configuração de streaming de vídeo (resolução, taxa de bits, codecs).
  • Gerenciamento de usuários e permissões.

Segurança e Autenticação

A segurança no ONVIF é baseada em WS-UsernameToken, que garante que apenas usuários autenticados possam acessar e configurar dispositivos. Além disso, o ONVIF suporta TLS (Transport Layer Security) para comunicação criptografada.

  • Username/Password via WS-UsernameToken: Protege chamadas SOAP com credenciais de usuário.
  • Certificados Digitais (PKI): Permite autenticação baseada em certificados X.509.
  • TLS para comunicação segura: Criptografa a comunicação entre cliente e dispositivo.

Streaming e Controle de Dispositivos

O ONVIF padroniza a transmissão de vídeo utilizando protocolos como:

  • RTSP (Real Time Streaming Protocol) para streaming ao vivo.
  • RTP/RTCP para controle de pacotes de mídia.
  • Multicast e Unicast para eficiência na transmissão de vídeo.

Além disso, permite controle remoto de câmeras PTZ, configuração de perfis de mídia e sincronização com eventos e notificações baseadas em Web Services.

Eventos e Notificações

O ONVIF implementa um sistema de eventos baseado no protocolo WS-BaseNotification, que permite que dispositivos notifiquem um software de gestão sobre eventos específicos, como:

  • Movimento detectado por análise de vídeo.
  • Mudanças de configuração no dispositivo.
  • Erros ou falhas no sistema.

Armazenamento e Recuperação de Vídeo

O Perfil G do ONVIF permite que os dispositivos gravem e recuperem vídeos armazenados localmente ou em servidores remotos. Isso inclui:

  • Busca e recuperação de gravações via SOAP.
  • Integração com NVRs e servidores de armazenamento.

Implementação e Integração

O desenvolvimento de aplicações compatíveis com ONVIF pode ser feito utilizando bibliotecas e SDKs, como:

  • gSOAP: Uma das bibliotecas mais usadas para integrar ONVIF em C/C++.
  • Python ONVIF Library: Biblioteca em Python para comunicação com dispositivos ONVIF.
  • ONVIF Device Manager: Ferramenta de código aberto para testar e configurar dispositivos ONVIF.

ONVIF Device Manager (ODM)

O ONVIF Device Manager (ODM) é uma ferramenta utilizada para a detecção, configuração e gerenciamento de dispositivos compatíveis com o padrão ONVIF dentro de uma infraestrutura de videomonitoramento.

A aplicação do ODM possibilita a descoberta automatizada de dispositivos na rede, a configuração de parâmetros operacionais e a execução de diagnósticos para validação da comunicação e integridade dos fluxos de vídeo e áudio.

A compatibilidade com os perfis ONVIF permite que a ferramenta seja utilizada para verificar a aderência dos dispositivos aos padrões técnicos estabelecidos, garantindo interoperabilidade e conformidade com requisitos de integração.

Importância da Solução estar em Conformidade

A conformidade com os padrões ONVIF é essencial para garantir a interoperabilidade entre dispositivos e sistemas de videomonitoramento, evitando dependência de soluções proprietárias e assegurando escalabilidade na implementação de infraestruturas de segurança. A aderência aos perfis ONVIF permite a integração de equipamentos de diferentes fabricantes em um ambiente unificado, promovendo padronização na comunicação e na gestão dos fluxos de vídeo, áudio e controle de acesso.

A implementação de dispositivos compatíveis com ONVIF reduz custos operacionais e facilita a manutenção e atualização dos sistemas, garantindo que novos dispositivos possam ser incorporados sem necessidade de reconfiguração complexa ou dependência de protocolos exclusivos. A conformidade também assegura maior transparência e previsibilidade no funcionamento dos equipamentos, permitindo que sistemas de gerenciamento de vídeo (VMS), NVRs e câmeras operem de maneira padronizada dentro da infraestrutura definida.

Além da interoperabilidade, a conformidade com ONVIF fortalece os requisitos de segurança, assegurando que dispositivos sigam diretrizes de autenticação, criptografia e proteção contra acessos não autorizados. A implementação de protocolos padronizados permite a aplicação de mecanismos de controle de acesso robustos, mitigando riscos de vulnerabilidades e garantindo a integridade das informações transmitidas.

Conclusão

A unificação de sistemas de segurança exigiu uma padronização que garantisse interoperabilidade entre equipamentos de diferentes fabricantes, reduzindo a dependência de tecnologias proprietárias e facilitando a integração de diferentes soluções.

A definição dos Profiles S, G, T, M, D e Q permite que cada dispositivo ou software cumpra requisitos específicos de transmissão, armazenamento, metadados e segurança, viabilizando soluções robustas e adaptáveis a diferentes cenários operacionais. A aplicação desses perfis assegura que a comunicação ocorra de maneira estruturada e previsível, otimizando a eficiência dos sistemas de segurança.

A arquitetura de comunicação baseada em web services e protocolos padronizados viabiliza a descoberta, configuração e autenticação de dispositivos de maneira automatizada e segura. A adoção de mecanismos de controle de acesso e criptografia fortalece a integridade das transmissões, garantindo conformidade com boas práticas de segurança cibernética.

A evolução contínua do ONVIF reforça sua posição como referência para a integração de sistemas de segurança IP. A adoção desse padrão estabelece um modelo confiável e alinhado às demandas do setor, garantindo que a inovação tecnológica ocorra sem comprometer a compatibilidade entre dispositivos e softwares. A padronização, combinada com práticas robustas de segurança e autenticação, fortalece a confiabilidade e eficiência dos sistemas de videomonitoramento, tornando-os mais seguros, escaláveis e preparados para futuras evoluções tecnológicas.

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