O cabeamento horizontal é o subsistema responsável por interligar a sala de telecomunicações (IDF) aos pontos de rede localizados nas áreas de trabalho, como estações de usuário, telefones IP e access points. Segundo a norma NBR 14565, esse cabeamento deve seguir trajetos bem definidos, com comprimento máximo de 90 metros, e utilizar meios físicos padronizados, como cabos de par trançado ou fibra óptica. É um dos elementos mais críticos da infraestrutura de rede, pois concentra grande parte das conexões que impactam diretamente na estabilidade, desempenho e manutenção do sistema.
O planejamento e instalação de “caminhos para os cabos” em projetos de cabeamento estruturado exigem precisão no dimensionamento e na seleção dos meios físicos, visando garantir a integridade, a performance e a viabilidade da infraestrutura ao longo do ciclo de vida do edifício.
A correta ocupação de eletrocalhas, eletrodutos e leitos é essencial para preservar a integridade dos cabos e o desempenho do cabeamento estruturado. A NBR 16415 estabelece critérios específicos para dimensionamento e taxa de ocupação em sistemas de calhas e leitos destinados a redes de comunicação. Já a NBR 5410 trata da ocupação de condutos em instalações elétricas de baixa tensão, e a NBR 14565 complementa esses requisitos ao abordar o encaminhamento físico em projetos de cabeamento estruturado. O não atendimento a esses limites pode causar estrangulamento, interferência eletromagnética e falhas na transmissão de dados.
Neste artigo, são explorados em profundidade os aspectos técnicos, os critérios de cálculo e as melhores práticas envolvidos na determinação e aplicação da taxa de ocupação em caminhos de cabos.
O texto abrange também observações normativas, exemplos práticos e recomendações para o correto dimensionamento nas diversas alternativas construtivas.
Confira!
Cabeamento Horizontal: Critérios Técnicos e Normas Aplicáveis
O cabeamento horizontal é o subsistema do cabeamento estruturado responsável por interligar a sala de telecomunicações (IDF) aos pontos de rede nas áreas de trabalho. Ele deve ser projetado e instalado de acordo com os requisitos definidos nas normas NBR 14565 e ANSI/TIA-568.2-D, que estabelecem parâmetros técnicos como:
- Comprimento máximo de 90 metros para o enlace permanente, sem considerar patch cords ou cordões de equipamentos;
- Utilização de cabos de par trançado balanceado (Cat5e, Cat6, Cat6A) ou fibra óptica em casos específicos;
- Respeito ao raio mínimo de curvatura e à taxa de ocupação dos condutos;
- Separação adequada de fontes de interferência elétrica (EMI);
- Roteamento por caminhos contínuos com acesso para manutenção, preferencialmente por infraestrutura seca, como eletrocalhas e canaletas.
O cabeamento horizontal é o segmento mais sensível da rede e, por isso, exige atenção rigorosa ao aterramento, à qualidade dos conectores e à certificação final do enlace. Uma execução em desacordo com a norma pode comprometer todo o desempenho da rede, mesmo que os equipamentos ativos sejam de alta qualidade.
Taxa de Ocupação em Caminhos de Cabos
A taxa de ocupação em caminhos de cabos é tecnicamente definida como a relação entre a soma das áreas das seções transversais dos cabos a instalar e a área útil interna da seção transversal do caminho (eletrocalha, eletroduto, piso elevado, etc). Esta relação é expressa em percentual, indicando o limite máximo de ocupação permitido para garantir acessibilidade, ventilação e desempenho físico da infraestrutura.
- Exemplo técnico: Para um eletroduto, a taxa de ocupação máxima usualmente recomendada é de 40%. Isso significa que a soma das áreas dos cabos inseridos não pode exceder 40% da área interna disponível do eletroduto.
- A aplicação desse conceito evita o excesso de cabos, minimizando esforços mecânicos e facilitando futuras intervenções, expansões ou manutenções.
- Níveis de ocupação mais altos tendem a aumentar a temperatura, dificultar dissipação térmica e elevar a probabilidade de deformação dos cabos.
Impactos da Taxa de Ocupação no Desempenho e na Segurança
O controle da taxa de ocupação é vital para sustentar a performance do sistema, proteger a integridade física dos cabos e prevenir falhas causadas por restrições de espaço ou elevação da temperatura ambiente dos condutores.
- Proteção Mecânica: O caminho de cabos bem dimensionado impede esmagamentos, rupturas de isolação e folgas excessivas que facilitam danos acidentais.
- Transmissão de Sinais: A ocupação excessiva pode induzir atenuação, interferências eletromagnéticas e perdas de sinal, sobretudo em caminhos compartilhados com energia elétrica.
- Expansão Futura: Deve-se prever margem de ocupação para futuras ampliações, reduzindo necessidade de retrabalho.
- Facilidade de Manutenção: Cabos organizados em um caminho dimensionado conforme a taxa de ocupação favorecem inspeções rotineiras e intervenções sem danos.
EMC e EMI no Cabeamento Estruturado
A compatibilidade eletromagnética (EMC) é um aspecto crítico no projeto de cabeamento horizontal, especialmente quando os cabos transitam por eletrocalhas, leitos e demais caminhos compartilhados com circuitos elétricos. A presença de interferência eletromagnética (EMI) — provocada por condutores energizados, motores, luminárias ou painéis — pode degradar a integridade dos sinais transmitidos pelos cabos de rede, gerando perda de pacotes, instabilidade ou falhas de comunicação. Para mitigar esses efeitos, as normas NBR 14565 e TIA-569 orientam a adoção de medidas como o uso de infraestruturas separadas, aplicação de distanciamentos mínimos, blindagem (FTP/STP) nos cabos e aterramento adequado dos caminhos metálicos. O controle da EMI é indispensável para garantir o desempenho do enlace e a conformidade com os padrões de cabeamento estruturado.
Sistema de Aterramento e Equalização de Potenciais
O sistema de aterramento e a equalização de potenciais em uma instalação de cabeamento estruturado são fundamentais para a segurança e o desempenho e performance da Rede em qualquer tipo de edificação.
No entanto, esses cuidados se tornam especialmente críticos em ambientes industriais, onde a presença de motores, inversores, painéis de potência e campos eletromagnéticos intensos aumenta significativamente o risco de interferência e diferenciais de potencial.
A utilização de cabos blindados (como STP, FTP ou S/FTP) é recomendada para mitigar ruídos, desde que a blindagem seja corretamente aterrada. Além disso, elementos metálicos como eletrocalhas e leitos devem ser integrados ao sistema de equipotencialização, conforme as diretrizes da NBR 5410 e da NBR 16415, assegurando a compatibilidade eletromagnética (EMC) da rede.
Critérios Normativos de Dimensionamento: Eletrodutos
Para eletrodutos, a aplicação da taxa de ocupação segue parâmetros normativos que estabelecem limites rígidos e diretos.
Procedimento técnico:
- Calcule a área da seção transversal interna do eletroduto, considerando suas dimensões construtivas.
- Some as áreas das seções transversais de cada cabo a ser instalado.
- A soma das áreas dos cabos deve ocupar, no máximo, 40% da área interna do eletroduto.
Tabela de exemplo baseada em diâmetros padrões de eletrodutos e cabos:
Eletroduto | Diâmetro Nominal (mm) | Qtd Máx. Cabos CAT6A (U/UTP) | Qtd Máx. Cabos CAT 5e |
---|---|---|---|
1/2″ | 12,7 | 3 | 4 |
3/4″ | 19,0 | 5 | 8 |
1″ | 25,4 | 8 | 13 |
1 1/2″ | 38,1 | 19 | 31 |
2″ | 50,8 | 31 | 49 |
Esses valores estão sujeitos às dimensões reais dos cabos e eletrodutos e são exemplos indicativos para orientação de projetos.
Critérios Normativos de Dimensionamento: Eletrocalhas e Pisos Elevados
Para eletrocalhas, canaletas e pisos elevados, o critério segue o mesmo princípio do eletroduto: a ocupação máxima admissível é parametrizada pela área útil interna, respeitando os limites estipulados e as características do ambiente.
- A tabela correspondente dimensiona a quantidade máxima de cabos admissível em função das dimensões internas da eletrocalha/piso, categoria e tipo construtivo dos cabos.
- Exemplo técnico: uma eletrocalha de 100 mm x 50 mm pode admitir, a título exemplificativo, um número máximo de cabos de categoria CAT6 considerando taxa de ocupação adequada e margem para manobra e dissipação mecânica.
- É fundamental considerar o empilhamento máximo e a altura dos feixes conforme definido em tabelas normativas específicas para evitar deformações e facilitar a inspeção.
Planejamento, Expansão e Fatores Críticos para Caminhos de Cabos
O planejamento de caminhos de cabos envolve análise criteriosa de variáveis arquitetônicas, de uso e de infraestrutura. Os fatores mínimos destacados normativamente são:
- Estruturas e edifícios existentes: Verificação da compatibilização civil antes da definição dos caminhos.
- Capacidade de expansão: Prever crescimento futuro já na fase de projeto, reservando taxas de ocupação inferiores ao limite normativo.
- Ambiente: Consideração de umidade, temperatura, proteção mecânica, riscos ambientais e acesso para manutenção.
- Percurso dos cabos: Redução de curvas fechadas e rotas longas, respeitando raios mínimos de curvatura, minimizando estresse mecânico e atenuação elétrica.
- Separação de sistemas: O cabeamento estruturado deve ter infraestrutura dedicada, afastada dos circuitos elétricos, atendendo critérios de separação para mitigar interferências eletromagnéticas; compartilhamento só é admitido mediante barreiras conforme normas técnicas internacionais IEC apropriadas.
Implementação em Diversos Cenários: Subterrâneo, Aéreo e Compartilhado
Caminhos Subterrâneos: A profundidade da escavação e o tipo de proteção dos cabos devem obedecer tanto à regulamentação local quanto à adaptabilidade ambiental. Normalmente, ambientes subterrâneos são secos, mas podem demandar vedação adicional e proteção reforçada.
Caminhos Aéreos: O projeto da rota de cabos deve garantir que não haja sobrecarga estrutural e que existam proteções contra intempéries e intervenções externas. Em cruzamentos múltiplos, é imprescindível evitar contato entre cabos distintos e respeitar limites mecânicos de sustentação.
Caminhos Compartilhados: A utilização do mesmo shaft para cabeamento estruturado e energia elétrica só é admitida conforme normas internacionais IEC adequadas, devendo-se priorizar a separação física por barreiras e análise detalhada de riscos de interferência eletromagnética.
Referências Práticas: Tabelas Técnicas para Dimensionamento
O dimensionamento seguro dos caminhos de cabos, seja em eletrodutos, eletrocalhas ou pisos elevados, é suportado por tabelas técnicas normativas que discriminam:
- Dimensões padronizadas dos caminhamentos;
- Diâmetro externo dos cabos, conforme a categoria (CAT 5e, CAT6, CAT6A, CAT7, etc);
- Quantidade máxima permitida por tipo e via de passagem;
- Restrições quanto ao empilhamento e ao método de acomodação dos cabos;
Exemplo de diagramas textuais e tabelas deve ser consultado e aplicado diretamente na etapa de projetos, servindo como base para a elaboração de memoriais, desenhos executivos e listas de material nas propostas técnicas.
Recomendações para Garantir Eficiência e Conformidade
Para cumprir os requisitos normativos e alcançar máxima eficiência técnica, recomenda-se:
- Dimensionar sempre os caminhos de cabos considerando margens de segurança, prevendo crescimento futuro nos sistemas instalados.
- Avaliar periodicamente a infraestrutura quanto à ocupação e ao estado físico das vias.
- Empregar equipamentos, métodos de instalação e materiais certificados, aderentes às normas técnicas nacionais e internacionais aplicáveis.
- Manter segregação física entre cabeamento estruturado e energia, adotando barreiras e distâncias mínimas obrigatórias.
- Documentar rigorosamente as informações de projeto, incluindo cálculos de ocupação, tabelas de dimensionamento e mapas de percurso dos cabos.
O correto dimensionamento da taxa de ocupação em caminhos de cabos é decisivo para assegurar a confiabilidade, a durabilidade e o desempenho das infraestruturas de cabeamento estruturado. A aplicação rigorosa dos critérios técnicos e o alinhamento às demandas presentes e futuras do empreendimento resultam em intervenções mais eficientes, reduzido risco de falhas e manutenção dos padrões de qualidade da engenharia de sistemas. Para projetos robustos e conformes às melhores práticas, a abordagem detalhada deste artigo subsidia decisões assertivas quanto à seleção, implementação e manutenção dos caminhos de cabos em qualquer ambiente de missão crítica ou infraestrutura corporativa.
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Referências Normativas
“NBR 14565 – Cabeamento Estruturado para Edifícios Comerciais” – ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)
“ISO/IEC 11801 – Generic Cabling for Customer Premises“- ISO/IEC (International Organization for Standardization) & (International Electrotechnical Comission)
“”ANSI/TIA 568 – Generic Telecommunications Cabling for Customer Premises” – ANSI/TIA (American National Standards Institute) & (Telecommunications Industry Association)
“Quais os serviços de cabeamento estruturado e respectivos RTs?” – CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia)
“Structured Cabling Systems: the Fact File” – CommScope
Perguntas Frequentes
Taxa de ocupação é o limite máximo de preenchimento interno de um conduto (eletrocalha, eletroduto ou leito), expresso em percentual, definido pelas normas NBR 16415 e NBR 5410. Respeitar esse limite evita sobreaquecimento, interferência e danos físicos aos cabos, além de garantir espaço para futuras expansões.
O Sistema de Cabeamento Estruturado (SCE) é uma infraestrutura padronizada de cabos, conectores, racks, leitos de cabos, painéis de conexão e ativos de rede que fornecem a base para uma rede de telecomunicações funcionar de maneira otimizada.
Infraestrutura seca é o conjunto de elementos físicos usados para encaminhar cabos em uma edificação, como eletrocalhas, eletrodutos, leitos e shafts. Ela garante organização, proteção mecânica e separação adequada entre sistemas (dados, energia, controle), sendo essencial para o desempenho e a manutenção da rede.
O sistema de cabeamento estruturado é projetado para atender às necessidades de conectividade em ambientes corporativos, comerciais, industriais e residenciais, proporcionando uma rede confiável e de alto desempenho.
UTP (Unshielded Twisted Pair) não possui blindagem. É mais barato e usado em ambientes com baixo nível de interferências. Já o STP (Shielded Twisted Pair) possui blindagem que reduz interferências eletromagnéticas, sendo indicado para ambientes industriais ou com alta poluição eletromagnética.
As principais normas são a ABNT NBR 14565 (Brasil), ISO/IEC 11801 (internacional), ANSI/TIA-568 (América do Norte) e NBR 16264 para Data Centers. Elas definem regras de instalação, desempenho e testes.
O cabeamento horizontal conecta as tomadas de telecomunicações às salas de distribuição no mesmo andar, enquanto o cabeamento vertical, ou backbone, interliga diferentes andares ou edifícios, transportando dados entre os distribuidores principais e de piso.
É o cabeamento principal que conecta salas de telecomunicação, data centers ou prédios entre si. Normalmente utiliza cabos de maior capacidade, como fibras ópticas ou cabos de cobre de categoria superior.
Engenheiros eletricistas, engenheiros de redes, técnicos em telecomunicações, projetistas de infraestrutura de redes e empresas especializadas em projetos e implantação de redes corporativas.
O leito de cabos é utilizado para sustentar e distribuir fisicamente cabos de rede, energia ou automação em ambientes técnicos. Ele permite ventilação, facilita inspeções e evita curvaturas excessivas ou esmagamento dos cabos, sendo recomendado para volumes maiores de cabeamento horizontal ou backbone.