O para-raio é um conjunto de componentes instalados em edificações para captar a descarga elétrica de um raio e conduzi-la com segurança até o solo, protegendo pessoas, estruturas e equipamentos contra danos.
O Brasil é o país com maior incidência de raios no mundo, e cada descarga pode liberar milhões de volts em frações de segundo. Nesse cenário, o para-raio (ou SPDA) se torna indispensável para proteger edificações, pessoas e equipamentos.
Mas afinal, você sabe exatamente o que é um para-raio, como ele funciona, quais são os tipos existentes e o que dizem as normas técnicas?
Neste artigo, vamos esclarecer todas essas questões, mostrar a importância do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e explicar quando e por que sua instalação é obrigatória.
O que é Para-Raio (SPDA)?
Definição técnica de SPDA
O para-raio, conhecido tecnicamente como SPDA (Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas), é um conjunto de dispositivos destinados a proteger edificações, pessoas e equipamentos contra os efeitos das descargas elétricas atmosféricas. O sistema é projetado para captar o raio e conduzir sua energia de forma segura até o solo, dissipando-a no aterramento.
Origem histórica do pararaio
A invenção do para-raio é atribuída a Benjamin Franklin, no século XVIII, com a famosa experiência da pipa em tempestade. Desde então, o conceito evoluiu e hoje os sistemas seguem normas técnicas rigorosas, como a ABNT NBR 5419, garantindo proteção padronizada para diferentes tipos de edificações.
Diferença entre termos: para-raio, pararaio e SPDA
Embora existam várias formas de escrita — “para-raio”, “pararaio” e “para raios” — todas designam o mesmo conceito. No meio técnico e normativo, o termo correto é SPDA, mas no uso popular a palavra para-raio é a mais conhecida.
Como Funciona um Para-Raio
Captação da descarga atmosférica
O sistema utiliza pontas metálicas instaladas no topo da edificação, projetadas para captar a descarga elétrica atmosférica.
Condução elétrica até o solo
Uma vez captada, a corrente é conduzida por cabos metálicos chamados condutores de descida, que direcionam a energia para o sistema de aterramento.
Sistema de aterramento e equipotencialização
A corrente elétrica é dissipada em malhas ou hastes de aterramento enterradas no solo. A equipotencialização garante que todas as partes metálicas da edificação fiquem no mesmo potencial elétrico, reduzindo o risco de faíscas, choques e surtos.
Tipos de Para-Raio
Para-raio Franklin (convencional)

O sistema Franklin utiliza hastes metálicas pontiagudas conectadas a cabos de descida e aterramento. É o mais comum em prédios residenciais e comerciais.
Gaiola de Faraday

Composta por uma malha metálica (cabos ou perfilado) que envolve a edificação, a gaiola de Faraday distribui as correntes elétricas de maneira uniforme. É muito usada em indústrias e grandes estruturas.
Sistemas de captação ativa (ESE)
Os chamados sistemas de captação ativa, ou ESE (Early Streamer Emission), são dispositivos que prometem antecipar a emissão de íons para atrair e conduzir descargas atmosféricas antes que estas atinjam a estrutura.
Apesar de serem comercializados em alguns países, a ABNT NBR 5419:2015 não reconhece nem homologa esse tipo de tecnologia no Brasil.
Isso significa que:
- A instalação de ESE não atende à norma brasileira;
- Projetos baseados em ESE não podem ser validados com ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) emitida por engenheiros eletricistas;
- A utilização desse sistema pode comprometer a segurança da edificação, além de gerar riscos jurídicos e perda de cobertura de seguros.
Somente os sistemas previstos na NBR 5419 — como Para Raios Franklin (convencionais) e gaiola de Faraday — são aceitos para projetos de SPDA no Brasil.
Assim, embora o ESE seja citado aqui a título de informação, é fundamental destacar que sua aplicação não deve ser considerada em projetos executivos de proteção contra descargas atmosféricas enquanto não estiver homologado na Norma Brasileira.
“No Brasil, todos os projetos e sistemas de proteção contra descargas atmosféricas devem obrigatoriamente seguir a ABNT NBR 5419. Tecnologias como os sistemas de captação ativa (ESE) não são reconhecidas pela norma brasileira e, portanto, não podem ser consideradas como soluções válidas de proteção. A utilização de métodos não previstos compromete a segurança, inviabiliza a emissão de ART e pode até anular a cobertura de seguros. Somente a aplicação estrita da NBR 5419 garante conformidade técnica, segurança das edificações e responsabilidade legal dos profissionais envolvidos.”
— Eng. Altair Galvão, Diretor Técnico, A3A Engenharia
Aplicações residenciais, comerciais e industriais
Cada tipo de edificação exige uma análise de risco. Enquanto edificações menores podem utilizar um sistema simples Franklin, fábricas e edifícios comerciais demandam sistemas mais complexos, necessitando uma análise de risco e projetos complementares de proteção elétrica com DPS e equalização de potenciais.
Normas que Regulamentam os Para-Raios
NBR 5419 – Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas
É a principal norma brasileira, dividida em quatro partes: avaliação de risco, requisitos de proteção física, medidas de proteção elétrica e manutenção.
Relação entre SPDA e NBR 5410 (instalações elétricas)
A NBR 5410 complementa a proteção, tratando da instalação elétrica interna. A integração entre SPDA e instalações elétricas garante segurança completa contra surtos e descargas.
Importância dos DPS (dispositivos de proteção contra surtos)
O DPS atua como complemento ao para-raio, protegendo equipamentos eletrônicos contra sobretensões induzidas por raios. É fundamental em ambientes com servidores, automação e telecomunicações.
mportância do Para-Raio para Segurança
Proteção da vida humana
Um raio pode liberar milhões de volts em microssegundos. O SPDA evita que essa energia atinja pessoas diretamente, reduzindo drasticamente riscos fatais.
Prevenção de incêndios e danos patrimoniais
Sem um sistema adequado, a descarga pode causar incêndios, explosões ou a destruição da estrutura civil.
Proteção de equipamentos e sistemas eletrônicos
Ambientes corporativos dependem de servidores, switches e sistemas sensíveis. O para-raio, aliado ao DPS, preserva esses ativos críticos.
Inspeção e Manutenção Preventiva de Pararaios
Periodicidade de inspeções conforme a NBR 5419
A norma determina inspeções:
- Anuais para prédios comerciais e residenciais.
- Semestrais em áreas críticas como hospitais, Data Centers e indústrias de risco.
Após a vistoria do sistema de proteção contra descargas atmosféricas, deve ser emitido o Laudo Técnico de SPDA, documento elaborado e assinado por engenheiro eletricista habilitado, com a devida ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) registrada no CREA. Esse laudo comprova a conformidade do sistema com a ABNT NBR 5419, registra os resultados das medições de aterramento, inspeções visuais e ensaios realizados, e estabelece eventuais recomendações de adequação ou manutenção. Trata-se de um documento indispensável tanto para a segurança técnica quanto para exigências legais, auditorias e cobertura securitária.
Ensaios de aterramento e medições obrigatórias
O teste de resistência ôhmica do aterramento deve estar dentro dos limites da norma. Conexões, cabos e integridade estrutural também precisam ser checados.
O Laudo de Aterramento é o documento técnico que atesta a eficiência e a conformidade do sistema de aterramento elétrico de uma edificação. Elaborado e assinado por engenheiro eletricista habilitado, com a respectiva ART registrada no CREA, o laudo apresenta os resultados das medições de resistência ôhmica do solo, a integridade das hastes, barramentos e conexões, bem como a adequação às normas vigentes, como a ABNT NBR 5410 e a ABNT NBR 5419 (quando integrado ao SPDA). Esse laudo é essencial para comprovar que a energia das descargas atmosféricas será devidamente dissipada, garantindo segurança às pessoas, proteção aos equipamentos e conformidade legal em processos de auditoria, certificação e contratos de seguro.
Somente Engenheiros eletricistas habilitados e registrados no CREA podem elaborar e assinar laudos de SPDA e laudos de aterramento, sempre acompanhados da respectiva ART (Anotação de Responsabilidade Técnica). A ART é o instrumento legal que vincula o profissional responsável ao projeto, execução, vistoria ou manutenção, garantindo a rastreabilidade técnica e a conformidade com a legislação brasileira.
Sem a emissão de laudos por profissional habilitado, o sistema não pode ser considerado em conformidade com a ABNT NBR 5419 (SPDA) e a ABNT NBR 5410 (instalações elétricas). Nesses casos, em eventual acidente causado por falhas no sistema de proteção contra descargas atmosféricas, a responsabilidade recairá diretamente sobre a empresa contratante, que poderá ser responsabilizada civil e criminalmente.
Portanto, a emissão de laudos técnicos por Engenheiro eletricista, com ART registrada, é indispensável não apenas para a segurança das edificações e das pessoas, mas também para resguardar juridicamente a organização em auditorias, fiscalizações e possíveis sinistros.
Documentação técnica e ART
Todo projeto, instalação e inspeção deve ser acompanhado de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), memorial descritivo e laudo de conformidade assinado por engenheiro habilitado.
Importância de Contratar uma Empresa de Engenharia para Projetos de Para-Raio (SPDA)
Somente o Engenheiro eletricista pode elaborar um projeto de SPDA
A elaboração de um projeto de SPDA (para-raio) exige conhecimento técnico avançado em elétrica, aterramento, compatibilidade eletromagnética e normas de segurança. Por determinação legal, apenas engenheiros eletricistas habilitados e registrados no CREA podem projetar sistemas de proteção contra descargas atmosféricas.
Entidade de classe e ART
Todo projeto e implantação de SPDA deve estar vinculado a uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) junto ao CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia.
A ART é o documento que comprova quem é o responsável técnico pelo projeto, garante segurança jurídica ao cliente e assegura que a obra está sob supervisão de um profissional qualificado.
Responsabilidade técnica e segurança
Contratar uma empresa de engenharia garante:
- Projeto em conformidade com a ABNT NBR 5419 e normas correlatas.
- Execução segura e certificada, com memorial descritivo e plantas técnicas.
- Inspeção e manutenção periódica realizadas com laudo técnico assinado.
- Segurança patrimonial e legal — em auditorias, fiscalizações ou sinistros, a ausência de projeto assinado por engenheiro pode resultar em multas, interdições ou negativa de seguros.
Considerações Finais
A instalação de um para-raio (SPDA) vai muito além de fixar hastes metálicas em uma edificação. Trata-se de um sistema de proteção complexo, que exige conhecimento técnico profundo em elétrica, aterramento, compatibilidade eletromagnética e aplicação rigorosa das normas da ABNT NBR 5419.
Por isso, apenas uma empresa de engenharia especializada pode garantir que o projeto seja elaborado e executado de forma correta, segura e em conformidade normativa. Essa especialização assegura não apenas a proteção contra descargas atmosféricas, mas também a segurança jurídica, uma vez que todo projeto precisa de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) emitida por engenheiro eletricista habilitado no CREA.
Conclusão
O para-raio (SPDA) é um elemento essencial para a proteção de edificações, pessoas e equipamentos em um país com a maior incidência de raios do mundo. Mais do que uma exigência normativa, trata-se de uma solução que garante segurança, continuidade operacional e preservação patrimonial.
Um sistema de proteção contra descargas atmosféricas bem projetado deve seguir rigorosamente a ABNT NBR 5419 e só pode ser elaborado e executado por engenheiros eletricistas habilitados, com responsabilidade técnica comprovada.
Investir em um projeto profissional de SPDA significa não apenas atender à legislação, mas principalmente assegurar que a edificação esteja protegida contra riscos de incêndios, choques elétricos, perdas de equipamentos e interrupções de atividades.
Acervo Técnico
Com 29 anos de atuação, a A3A Engenharia acumula um amplo acervo técnico em projetos de infraestrutura crítica, abrangendo projetos de instalações elétricas de Baixa Tensão, SPDA e DPS, cabeamento estruturado e segurança eletrônica. Essa trajetória confere à empresa a expertise necessária para planejar e executar projetos de SPDA com excelência e confiabilidade.
Ao longo de sua história, a A3A Engenharia consolidou-se como referência em soluções de alta complexidade, sempre pautada em:
- Conformidade normativa em todos os projetos.
- Equipe de engenheiros especialistas com certificações reconhecidas.
- Acervo técnico, que garante soluções eficientes e inovadoras.
- Responsabilidade técnica assegurada, com emissão de ART em todas as obras.
A A3A Engenharia dispõe de equipe especializada para a elaboração de projetos executivos, implantação, manutenção periódica e emissão de laudos técnicos de SPDA, em conformidade com a ABNT NBR 5419.
Entre em contato para assegurar a adequação normativa e a proteção integral de sua edificação contra descargas atmosféricas.
Referências
CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) – “CREA recomenda a contratação de Engenheiro Eletricista para instalação de SPDA“
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) – “NBR 5419 – Proteção contra Descargas Atmosféricas”
DEHN – “Lightning Protection Guide 3rd Edition”
INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) – “Mapa do Biênio”
Perguntas Frequentes
O que é o SPDA?
O SPDA (Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas) é um sistema integrado composto por captores (hastes, malhas ou dispositivos de interceptação), condutores de descida, aterramento e equipotencialização, projetado para conduzir correntes de raios de forma segura ao solo, protegendo estruturas, pessoas e equipamentos contra danos diretos e indiretos, conforme estabelecido na norma ABNT NBR 5419.
Quantos metros o Para Raios protege?
O raio de proteção de um para-raio não é fixo. Ele depende da altura da haste, da classe de proteção do SPDA definida pela NBR 5419 e do método de dimensionamento adotado (esfera rolante, ângulo de proteção ou malha).
Como referência prática, uma haste de 5 metros de altura pode proteger uma área com raio aproximado de 20 metros ao redor, mas esse valor varia conforme a classe de risco da edificação.
Por isso, apenas um projeto executivo elaborado por engenheiro eletricista habilitado pode definir corretamente a zona de proteção para cada caso.
Quando o SPDA é obrigatório?
A obrigatoriedade do SPDA é determinada pela análise de risco definida na NBR 5419, considerando fatores como: altura da edificação (acima de 30 metros), localização geográfica (alta densidade de descargas atmosféricas), presença de materiais inflamáveis ou estruturas críticas (hospitais, indústrias químicas, data centers).
Qual a diferença entre Para-raio e SPDA?
O para-raio refere-se especificamente aos captores que interceptam a descarga atmosférica. Já o SPDA engloba todo o sistema, incluindo captores, condutores de descida, aterramento e medidas de equipotencialização, garantindo a dissipação segura da corrente do raio.
Quais são os métodos de proteção contra descargas atmosféricas?
Os métodos normatizados pela NBR 5419 incluem: Método Franklin (captores pontiagudos), Gaiola de Faraday (malha condutora periférica), Método do Ângulo de Proteção (definição de zonas de proteção geométricas) e Sistemas com PDA (Dispositivos de Antecipação de Descargas), que utilizam ionização para interceptação precoce do raio.
Quanto custa um serviço de SPDA?
O custo de implantação de um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) é influenciado por variáveis técnicas como complexidade da estrutura, metodologia de proteção selecionada, especificação de materiais e condições locais.

